22 janeiro, 2007

A ALIENAÇÃO EM NOME DO DIVINO - autor: Yuri Almeida

A ALIENAÇÃO EM NOME DO DIVINO

Já é bem remoto o tempo em que eu me dispunha a discutir religião. É a discussão mais inútil que se pode ter, pois um dos lados parte do pressuposto de que está defendendo uma verdade divina, e contestá-la, mas do que heresia, é encurtar o caminho rumo ao inferno. Mas sempre gostei de certas peculiaridades que atiçam o debate, pois dessa forma levanto minha auto-estima e afirmo minha inteligência sobre mim mesmo e para os outros. Não que eu tenha algo de perversamente sádico em minha personalidade, pois eu até tento evitar, mas estou sempre conversando com os evangélicos; na verdade já sinto um prazer mórbido em deixá-los mudos e sem argumentos. Pois eles sempre me vêm com os mesmo argumentos batidos e falaciosos que não provam nada. E o pior é que ainda acham que seus argumentos são sacados como inatacáveis, defendidos pela Bíblia, pelo Evangelho.Em meu site: O Teatro dos Loucos há uma parte em que falo que não me interesso em nada pelos evangélicos, que eles não aguçam minha curiosidade. Ante isso, as pessoas que me lêem ficam paralisadas. E terminam confundindo esse meu gosto; como se não se interessar pelos evangélicos “ferisse” a imagem de Deus. Alguns até dizem que estou dando azo aos sortilégios do tinhoso.Baseados numa fé cega, não aceitam que se pode ter Deus sem ter religião. E tentam nos convencer de que a Bíblia nos ensina certos, digamos, gostos de Deus.Imaginem:Duas pessoas se conhecem, uma é evangélica a outra não. Caso se gostem, a que é evangélica aproveita o ensejo para “ganhar uma alma para Cristo”, tem o apoio da família, namora a pessoa não evangélica, converte-a e todos ficam felizes para sempre, certo?Errado. O fato de uma das envolvidas não ser evangélica a impossibilita de qualquer relação “mais íntima” com a que é evangélica. Amizade então? – talvez, e olhe lá. A partir de agora todos estão avisados: Deus gosta de namoros entre evangélicos, e odeia namoros entre não-evangélicos. Essas preferências de Deus são bastante humanas, não?Na verdade, Ele tem até preferências:Ele não gosta de mulheres independentes (Efésios 5:22-24), de ricos (precisa citar mesmo essa passagem?), de homens que fazem a barba (Levítico 19:27). Como pode um Deus perfeito, onipresente, alguém tão supremamente eterno, onipotente e oni-qualquer-coisa ter preferências e preconceitos? Sou Agnóstico confesso, por isso não me preocupo com minha salvação: a lista de Deus é tão grande que provavelmente eu já esteja condenado ao fogo eterno. Nietzsche dizia que não podia acreditar em um deus que não sabe dançar. Eu digo que não posso acreditar em um deus que tenha preconceito e privilégios.Quando o filósofo alemão cunhou a expressão “Deus está morto” e “o evangelho morreu na cruz” fez certo, pois para mim Deus está sendo mal interpretado pelos religiosos. Por culpa da “interpretação” das Sagradas Escrituras estão submetendo Deus a falsos julgamentos dando-lhe um caráter imperfeito. Baseando-se numa infundada hermenêutica acabam dando uma visão pessoal a Deus, e é essa visão que tira o caráter divino das mensagens celestiais, invertendo os termos. Como começo do Evangelho de João em que é descrito a “encarnação do Verbo” quando, para convencer-nos disso, o apóstolo diz: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Mas se formos julgar pela má interpretação e pelo desprezo dos evangélicos pelo corpo, pelo prazer, não houve a carnalização de Deus, mas uma divinização do homem, criando a “animalização de Deus”.Sobre as Sagradas Escrituras digo: se os textos vêm de Deus, devem ser lidos ao pé da letra. E não submetidos à interpretação, pois a interpretação acaba ressaltando o caráter imperfeito das mesmas. A interpretação é uma visão pessoal acerca de determinado assunto, sendo assim os textos religiosos quando submetidos a julgamentos humanos tornam-se imperfeitos. Mas voltarei a falar disso em outra oportunidade...

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